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Airbus A300, 51 anos Artigo de Alexandre Alves / 28.10.23

O primeiro avião widebody com apenas dois motores da história completou 51 anos de seu primeiro voo em 28/10/2023. Como todo pioneiro, dificuldades fizeram parte da sua odisseia, o primeiro voo estava marcado para 27/10/1972, no entanto a neblina não colaborava em Toulouse, no dia seguinte, ainda que rajadas de vento estivessem presente, a equipe técnica da Airbus aprovou o voo.

Por 1h25m a aeronave esteve em seu habitat natural, com testes de piloto automático, extensão do trem de pouso e superfícies de controle de controle. Chegou a voar a 185kt, muito menos da sua velocidade típica e atingiu 4.300 metros (FL130). No retorno a Blagnac, rajadas de vento exigiram esforço da tripulação em por o belo jato francês de volta ao solo.

A ideia inicial do A300 era ser um avião de 300 lugares, o que foi reduzido a uma média de 250 e containers LD3 em seu porão, o tornando uma ferramenta lucrativa aos seus operadores, inicialmente Air France e Lufthansa. O avião demorou a “pegar”, com poucas vendas e unidades pintadas de branco aguardando compradores. O avião entrou em serviço em 1974, mas apenas no final da década de 70 com uma grande encomenda da Eastern Airlines, logo depois a Airbus apresentou melhorias com o A300-600 e o irmão complementar A310.


Tripulação do primeiro voo em 28/10/1972.

Linhas belíssimas do Airbus A300, equipado com o som mais lindo da aviação moderna: GE CF6-50!

O Airbus A300 ficou em produção de 1972 a 2007, sendo o último um A300-600F entregue a UPS. Um marco histórico na aviação. Naquele 28/10/1972, Max Fischl era o comandante, Bernard Ziegler o copiloto, Gunter Scherer, Pierre Caneill e Romeo Zinzoni os engenheiros de teste da Airbus.

NO BRASIL

O Airbus A300 foi apresentado no Salão Aeroespacial de São José dos Campos em 1973, atraindo os olhares de Omar Fontana, o lendário fundador e comandante da TransBrasil, que demonstrou rápido interesse em contar com duas máquinas em sua frota. No entanto, por forças misteriosas a encomenda não foi autorizada, afinal naqueles tempos bicudos dos anos 70, uma certa empresa aérea era monopolista e poderosa nos corredores do poder, assim os planos da colorida TBA não foram executados, frustrando ambos lados.


A pintura da CRUZEIRO é de fato digna do nome pintura, totalmente atemporal. Foto Ron Monroe Collection.

Mas, em 1979 a CRUZEIRO DO SUL, apoiada por quem tinha o poder em mãos, encomendou 4 Airbus A300, que seriam matriculados PP-CLA, CLB, CLC e CLD, em 20 de Junho de 1980 chegava o MSN 109 com matricula PP-CLA, primeiro Airbus brasileiro, primeiro A300 brasileiro. Em 1 de Julho daquele ano o PP-CLA começava a voar na rota São Paulo – Buenos Aires, causando impacto nos passageiros com sua qualidade superior ao presente até então, quinze dias depois com o PP-CLB reforçando o time (MSN 110) a empresa passou a servir Manaus, Belém. Configurados para 234 passageiros (24 executiva e 210 econômica), os A300 ofuscaram a própria VARIG que decidiu então, inclusive por uma “lembrança do FAA” receber o MSN 143 e MSN 194 em suas cores como PP-VND e PP-VNE.

O sucesso dos A300 não passou em branco, levando a VASP encomendar um trio de A300B e 9 A310! Novamente as forças misteriosas agiram e a VASP foi autorizada a adquirir o A300B2, a versão “regional” do A300, sem tanque central, que fazia um São Paulo – Manaus exercer o limite operacional da aeronave, mesmo assim em 5 de Novembro de 1982, pousava em Congonhas o MSN 202 matriculado PP-SNL, 3 dias depois o MSN 205 matriculado PP-SNM e por fim em 31/01/1983 o MSN 225 PP-SNN, com sete jatos nos céus do Brasil, o Airbus A300 era um tipo querido dos passageiros e marcou vários pioneirismos, por exemplo, Teresina Piauí, em Fevereiro de 1983 assistiu ao pouso do PP-SNM pelo VASP 191, colocando a capital piauiense no mapa do gigante europeu. O mitológico cantor de forró Luiz Gonzaga quando decidiu retirar-se em Pernambuco, embarcou no VASP 190, operado por um A300. Em 1989, com Guarulhos em pleno funcionamento, a VARIG decidiu vender seus A300, afinal sua performance em pistas curtas havia perdido o sentido já que Congonhas estava fora do jogo. Assim a Air Jamaica e JAS do Japão levaram os A300 da dupla VARIG/CRUZEIRO.

O A300 era a estrela da frota da VASP, ainda que em 3 unidades era o avião mais vistoso da frota, os A310 nunca chegaram e mesmo a espinha dorsal da empresa sendo o 737-200 e 737-300, os widebodies tinham o seu lugar cativo, até a chegada dos DC-10 em 1991 e dos MD11 em 1992. No apagar das luzes em 2001, o A300 voltou a ser estrela da frota, no entanto, já decadentes. A empresa paulista vivia franco declínio e quando o PP-SNL parou para check-D, jamais voltaria a voar, mantendo o SNM/SNN no jogo pelos voos VP4264 / VP4265 - GRU-SSA-REC-FOR / VP4194 / VP4195 POA-GRU-GIG-SSA-REC-FOR e por um período VP4270 / VP4271 - GRU-FOR-REC sendo a atividade principal. Porém, em 2004 a empresa enfrentava dificuldades técnicas que se agravariam dia pós dia e o PP-SNN precisou parar para check, emprestou um motor o PP-SNM que havia perdido seu motor numa decolagem em Recife, e com novos problemas de motores, em Julho de 2004 a história do A300 no Brasil era encerrada em silêncio ao final de um VASP 4265 qualquer, após anos abandonados, foram desmanchados na última década em Congonhas e Guarulhos.

Este autor tem uma paixão e amor de 40 anos com o Airbus A300, tive a felicidade de voar como passageiro, mas não o alcancei como profissional, sua beleza (herdada pela seção frontal dos A330), aquele som maravilhoso dos seus motores GE CF6-50 ecoará eternamente enquanto vivo estiver. Com uma máquina do tempo, certamente eu iria ver e voar esse ícone novamente!


SNN no clique mágico de Marcelo Fouquet De Biasi.
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